Espanha e, especialmente, a Andaluzia estão a sofrer severamente às mãos da seca extrema. Pode a região transformar-se num Silicon Valley da Europa?

A situação de seca em Espanha tornou-se preocupante. Madrid já pediu à Comissão Europeia a antecipação de ajudas “na maior quantidade possível” e a ativação do fundo de crise da Política Agrícola Comum (PAC) por causa da seca.

A região da Andaluzia, por exemplo, atravessa a pior seca em três décadas e as previsões meteorológicas apontam para uma subida das temperaturas. Ainda nesta quarta-feira, as autoridades espanholas resgataram peixes nativos de um rio que estava a ficar seco devido à seca prolongada.

O cenário não é animador e muitos especialistas apelam a medidas urgentes para resolver a situação. A produção de gado e muitas culturas, como o trigo, estão praticamente presas por um fio, na esperança que a chuva chegue nas próximas semanas

“Devemos ter 60% a 70% de perda na colheita”, conta Antonio Tomás, agricultor andaluz ouvido pelo jornal Público. “A agricultura é uma fábrica sem teto, estamos sempre a olhar para o céu”. E as perspetivas não são as melhores, já que “não há previsão de chuva a médio prazo”.

“Se chover em maio, podemos salvar a colheita”, reconhece Gabriel Cabello, produtor de azeitona e azeite, em conversa com o jornal.

“Em cinco anos, um em cada três produtores [da cooperativa] vai embora. Estamos a perder muito dinheiro há dois anos, com a seca. A gente não aguenta mais. As pequenas e médias explorações do porco-ibérico vão embora, não aguentam mais. Temos muito trabalho e estamos a perder dinheiro, acrescentou Cabello.

Os agricultores ouvidos pelo Público defendem que o uso da água é uma questão que tem de ser resolvida pelo Governo central. É necessário garantir que ela está disponível quando e onde for preciso.

“Precisamos de uma medida estrutural a longo prazo. Não podemos estar dependentes da chuva. É preciso converter a Andaluzia no Silicon Valley da Europa. Torná-la num centro de experimentação, porque o futuro será pior”, diz Jaime Martínez-Conradi Alamo, das Cooperativas Agro-alimentares da Andaluzia.

Além da dessalinização e do reaproveitamento das águas utilizadas nas casas das pessoas, Alamo admite que o sonho era ver o Alqueva replicado em Espanha.